Aposta/Cassino
Governo Admite Falta de Dados Sobre Apostas Online
Reconhecimento Oficial da Falta de Dados
O governo federal, por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda, reconheceu oficialmente não possuir dados precisos sobre a arrecadação do setor de apostas online no Brasil. Essa admissão ocorreu após um requerimento formal do deputado Saulo Pedroso (PSD-SP), que solicitou informações detalhadas sobre o segmento. Segundo Fabio Macorin, subsecretário de Monitoramento e Fiscalização, o Sistema de Gestão de Apostas (SIGAP) ainda está em fase de ajustes técnicos desde maio, o que impede a coleta confiável dessas informações.
Desafios da Regulamentação Recente
A regulamentação das apostas de quota fixa começou apenas em janeiro deste ano. Portanto, o controle governamental efetivo sobre o setor é recente e enfrenta grandes desafios. O Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO) auxilia na estruturação dos dados coletados, em uma parceria que busca garantir informações confiáveis, conforme determina a Portaria SPA/MF 722/2024. Entretanto, a infraestrutura tecnológica ainda é o principal obstáculo: diariamente, cerca de 50 milhões de registros chegam dos operadores autorizados, exigindo uma capacidade de processamento que está em desenvolvimento.
Proposta de Aumento da Tributação
Diante desse cenário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propôs elevar a alíquota de tributação sobre as apostas online de 12% para 18% do faturamento bruto das empresas. Essa medida visa compensar a desistência do aumento do IOF. Haddad prometeu apresentar os primeiros dados coletados sobre o mercado, mesmo reconhecendo que a SPA ainda não dispõe de números consolidados para 2025.
Intensificação da Fiscalização
Enquanto organiza os dados do setor regulamentado, o governo intensifica a fiscalização contra operadores clandestinos. Entre outubro de 2024 e maio de 2025, mais de 13 mil sites irregulares foram bloqueados pela SPA. Além disso, influenciadores digitais passaram a ser alvo de processos por propaganda ilegal, resultando na remoção de perfis e postagens das redes sociais. O sistema financeiro nacional também está sob vigilância, com notificações a bancos e instituições de pagamento que facilitam transações com plataformas não autorizadas.
Ação Fiscalizatória | Quantidade (out/24 a mai/25) |
---|---|
Sites irregulares bloqueados | 13.000+ |
Processos contra influenciadores | 48 |
Perfis removidos do Instagram | 39 |
Postagens removidas | 76 |
Instituições financeiras notificadas | 33 |
Procedimentos de Monitoramento
O monitoramento segue as diretrizes da Portaria SPA/MF nº 1.225/2024, que prevê fiscalização contínua, inspeções virtuais e presenciais sem aviso prévio, além da requisição de documentos e acesso a sistemas informatizados das empresas. O objetivo é garantir a conformidade com as normas e combater práticas ilegais, como a lavagem de dinheiro, que permanece uma das principais preocupações das autoridades.
Desafios e Perspectivas
Apesar do avanço na regulamentação, a principal dificuldade do governo reside na infraestrutura tecnológica para processar o grande volume de dados. Embora a arrecadação do setor seja significativa — o fluxo mensal pode chegar a R$ 30 bilhões, segundo o Banco Central —, a ausência de dados consolidados dificulta a formulação de políticas públicas eficientes e a definição de uma tributação justa.
Consequentemente, o enfrentamento à ilegalidade ocorre em duas frentes: administrativa, com multas e bloqueios, e criminal, com investigações policiais. Assim, o governo busca fortalecer a governança do setor, promover transparência e garantir que o mercado de apostas online opere de acordo com a legislação vigente.
“O Sigap foi desenvolvido para garantir a segurança e integridade dos dados, apoiando a SPA no monitoramento do setor. É um ecossistema robusto que continuará evoluindo para fortalecer a governança e a transparência no mercado de jogos no Brasil.”
— Fabio Macorin, subsecretário de Monitoramento e Fiscalização
Portanto, a consolidação do mercado de apostas online no Brasil depende diretamente da superação dos desafios tecnológicos e da intensificação das ações de fiscalização. Dessa forma, será possível garantir um ambiente regulado, seguro e transparente para operadores e apostadores.
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